Quatro municípios mato-grossenses sediaram no mês de maio as coletas de amostras botânicas e de madeira, para o trabalho de atualização dos herbários de, pelo menos, 32 espécies florestais.
A ação integra o projeto “Espécies arbóreas mais comercializadas no Estado”, executado pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), campus Alta Floresta, em parceria com o Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem) e apoio do governo de Mato Grosso por meio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec).
Com a iniciativa, o Cipem objetiva disponibilizar informações atualizadas sobre a real situação das espécies comerciais, auxiliando na categorização de risco correta para cada espécie na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção, evitando inserções incorretas pela falta de dados.
A primeira fase do projeto de atualização dos herbários foi finalizada com o curso de capacitação de identificação botânica de gênero e espécie e de anatomia da madeira. O treinamento ocorreu de 13 a 18 de maio, em uma área de Manejo Florestal (PMFS) da Fazenda Embu, no Município de Nova Monte Verde. O próximo curso está previsto para ocorrer em outubro deste ano. Em 2025 está prevista uma nova capacitação em data a definir.
Depois dos técnicos capacitados, inicia-se outra fase do projeto, que é a coleta das amostras botânicas, programadas para ocorrer nos municípios de Sinop, Nova Ubiratã e Santa Carmen, com encerramento das atividades no mês de junho, em Alta Floresta. Prioritariamente serão coletadas espécies arbóreas nativas com maior potencial comercial, como Muiracatiara, Angelim Pedra, Roxinho, Cerejeira, Garapeira, Ipê, Cumarú e Itaúba.
Durante as atividades de qualificação profissional, os técnicos e engenheiros florestais recolheram amostras de espécies florestais nativas de valor comercial e presentes nas áreas do PMFS. Por meio dessa atividade os participantes dos cursos ganharam expertise para realizar a identificação científica correta das espécies existentes nas florestas manejadas. Com duração de 70 horas, o curso foi dividido em 3 submódulos e destinado a profissionais que atuam nos inventários florestais das empresas parceiras do projeto.
“Buscamos implementar soluções para melhorar o setor de base florestal, que é tão importante para o desenvolvimento socioeconômico e sustentável de Mato Grosso”, esclarece o presidente do Cipem, Ednei Blasius. Engenheira florestal e professora doutora em Botânica na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Gracialda Costa Ferreira, acrescenta que a identificação botânica tem sido um gargalo há muitos anos e que ainda persiste nas atividades de manejo florestal.
“Observamos que isso tem resultado no processamento da madeira como um produto heterogêneo, o que não é bom para o mercado, além de inviabilizar o uso mais adequado das florestas”. Por meio da padronização dos nomes vulgares e científicos das espécies arbóreas é possível aperfeiçoar as técnicas para identificação botânica e melhorar a ação sobre o setor florestal, que oferece um produto renovável e sustentável.