sábado, 20 abril, 2024
InícioDesign da HomeDestaque com foto 1Consumo de carne bovina cai e atinge o menor nível em 26...

Consumo de carne bovina cai e atinge o menor nível em 26 anos no país

A quantidade de carne bovina consumida no mercado interno brasileiro em 2022 é a menor em 26 anos, de acordo com projeção da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, publicada na segunda-feira (1º).

O consumo per capita, que vem recuando nos últimos anos, era de 30,6 kg por habitante em 2019, período pré-pandemia de Covid-19, e atingiu 24,8 kg neste ano, uma queda de 20% e o menor nível da série histórica, que começou em 1996.

O maior valor registrado foi de 42,8 kg por habitante/ano, em 2006. A disponibilidade do produto no mercado interno é resultado da soma do volume importado com a produção nacional, subtraindo o volume exportado.

Apesar de o fenômeno depender muito de fatores globais, o poder de compra dos brasileiros também diminuiu bastante com a alta da inflação, que atingiu 11,89% no acumulado dos últimos 12 meses.

Segundo dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), em um ano os cortes de carne bovina com maiores aumentos foram a picanha (9,21%), a alcatra (9,20%), o fígado (6,59%), o filé mignon (5,75%) e o patinho (4,9%).

O diretor de informações agropecuárias e políticas agrícolas da Conab, Sergio De Zen, confirma que esses números refletem uma tendência global e que não acontece de um ano para o outro. “Na realidade, não é o movimento de um ano, vem acontecendo ao longo de anos, porque existe um aumento de renda em países que consomem pouca carne bovina, como Vietnã, Camboja e Indonésia, e eles praticamente dobraram o consumo, mas ainda que em quantidades baixas”, afirma.

“E a carne bovina tem uma condição de produção muito diferente das outras, porque demanda muitos insumos e tempo para ser produzido”, explica. Esses fatores, juntos, contribuem para o aumento do preço, com consequente diminuição do consumo por parte dos brasileiros.

O que se vê, em contrapartida, é maior consumo de aves e suínos, carnes mais baratas e acessíveis. O diretor da Conab ressalta que a injeção de dinheiro nas camadas mais pobres, por meio dos auxílios, resultou nas pessoas comendo mais esse tipo de proteína.

Por outro lado, nas camadas mais ricas, o que aconteceu foi a preferência pela qualidade em detrimento da quantidade. “Há 10 anos, as classes A e B iam muito em rodízios de carne, hoje preferem os restaurantes de boutique”, diz o diretor.

“Preferem mais qualidade que quantidade, e essa carne de qualidade tem tecnologia na criação do gado, na genética, na produção, e isso tudo custa. Por isso que se tem a troca da quantidade pela qualidade. É a mesma carne da Europa, Estados Unidos, Argentina. A mudança de hábito é muito forte”, conclui.

Uma pesquisa realizada pelo C6 Bank/Ipec mostrou que a alta de preços significou a interrupção total do consumo de carne bovina para uma parcela da população. Das pessoas entrevistadas, 72% deixaram de comprar cortes considerados de primeira e 28% interromperam as compras de carne de segunda.

Além disso, outros tipos de carne também desapareceram da lista de compras: 15% não colocam mais no carrinho carne suína, de frango ou peixe e 26% deixaram de levar para casa carnes processadas como linguiça e salsicha.

Com a inflação como principal motivo para o corte no consumo, apenas 7% dos entrevistados comem bovina de cinco a sete vezes por semana, 38% incluem o produto nas refeições de uma a quatro vezes por semana e 9% das pessoas ouvidas não comem nunca o produto.

Por fim, Sergio De Zen confirma que a tendência será essa por algum tempo, seja pelos preços altos, seja pela mudança de hábitos, cada vez mais consolidada.

Participe do nosso grupo de Whatsapp

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Mais popular

Feito com muito 💜 por go7.com.br
Pular para o conteúdo