Apesar de reuniões e audiências públicas realizadas para tentar encontrar meios para reduzir os impactos da crise hídrica no fornecimento de água tratada aos moradores de Alta Floresta, efetivamente, o resultado destas discussões ainda não chegou para o consumidor.
Frequentemente cronogramas de racionamento são divulgados, mas, os moradores relatam que o que está previsto não é entregue, ou seja, em dias e horários que deveria ocorrer o fornecimento, a água não chega as residências ou comércios e quando chega, não tem força suficiente para subir para os reservatórios.
Moradores relatam estarem a 5, 6 e até 8 dias sem água tratada em suas casas.
Ontem, quarta-feira (09), foi realizada uma audiência pública na sede das promotorias, envolvendo Ministério Público, Poder Executivo, Legislativo, AGER, Comitê de Bacias, SEMA e Águas Alta Floresta.
Cobranças foram feitas para que o fornecimento fosse reestabelecido o mais rápido possível.
Na ocasião a empresa destacou que realizou a compra de tubulações para fazer a ligação de água de uma represa localizada a cerca de 2 quilometros da estação de captação, para assim conseguir enviar água para a estação de tratamento.
Mas esta tubulação deve chegar somente nesta sexta-feira (11), em Alta Floresta, para a partir de então ser iniciada a sua implantação.
Paralelo a isso, os caminhões pipa que atendem a prefeitura irão durante o dia transportar água de uma represa localizada no Aquarela Hamoa até a estação de captação e a noite, a serviço da concessionária, darão continuidade a este transporte.
Conforme a promotora Fernanda Alberton, essa medida deve assegurar em regime de racionamento o abastecimento da cidade por cerca de 10 a 15 dias.
“A longo prazo, a gente sabe que o município precisa de providências, existem um procedimento no ministério público que está acompanhando esta situação. Porque essa necessidade de reequilíbrio econômico e financeiro do contrato já foi sentida, não pela escassez de água propriamente dita, mas pelos loteamentos que hoje existem sem o abastecimento de água e de esgoto. Então já existe um procedimento para se ampliar a rede, para se ampliar o serviço, pra melhorar a captação e hoje de imediato existe um prazo em andamento que a concessionária tem para apresentar um estudo para apresentar as alternativas possíveis para melhorar a captação”, disse.
Conforme apresentado na audiência, nesta estiagem, foram utilizadas 14 represas para fornecimento de água a estação de captação, na estiagem de 2023, foram utilizadas apenas 04.
Os moradores querem que a empresa cumpra o cronograma divulgado, o que nos últimos dias não vem ocorrendo.
O prefeito Chico Gamba, apoiou a reivindicações dos moradores. “Os moradores estão certos, não pode o cronograma dizer uma coisa e na pratica não ocorrer, se no cronograma diz que em determinado dia a água vai chegar a um bairro, isso tem que acontecer, pois o morador se prepara para isso, mas não é isso que estamos vendo”, disse.
A empresa destacou que irá começar a implantar registros em determinados pontos da rede, para que a água tratada possa chegar a todos os bairros, uma vez que em alguns setores não houve falta de água, mesmo apesar do racionamento adotado. Com isso, espera-se que a água chegue aos bairros mais distantes, o que não vem ocorrendo atualmente.
Na audiência foi também cogitado a captação de água no rio Teles Pires, mas para que isso ocorra, o investimento previsto seria de aproximadamente R$ 40 milhões, além disso, estudos apontam que a água do rio Teles Pires está contaminada com mercúrio, o que causaria danos à saúde da população.
De acordo com a promotora Fernanda Alberton, a concessionária tem ainda um prazo de 30 dias para apresentar um estudo de ações a serem realizadas, tanto no momento, como para situações futuras, caso não apresente, poderá ser ajuizada uma ação em desfavor da empresa.
De acordo com ela, já existe uma ação cível pública, que está em andamento, que trata desta necessidade de rever o contrato e além disso um outro procedimento para verificar qualquer dano que tenha sido ocasionado a população.
“Qualquer omissão, não só da empresa, de qualquer ente envolvido, qualquer omissão que tenha tido para contribuir para esse evento, para que também no final seja responsabilizado”, pontuou.
Quanto aos valores de faturas, que mesmo com racionamento e falta de água estão vindo com consumo maior que o tradicional, a orientação é de que o consumidor procure a concessionária e protocole a sua reclamação, bem como o faça junto a AGER, para que caso não ocorra uma solução, medidas possam ser adotadas.
A Águas Alta Floresta foi vendida pela Iguá Saneamento para a Norte Saneamento, que assumiu recentemente a concessão no município.