quinta-feira, 10 outubro, 2024
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Com média de 3,10 médicos por cada mil habitantes, Centro-Oeste tem proporção de profissionais desigual nos Estados e municípios

Com 16.707.336 habitantes e 51.824 médicos, o Centro-Oeste possui uma razão de 3,10 profissionais da área por mil habitantes. Segundo dados da Demografia Médica no Brasil 2023, cujos resultados foram publicados no último dia 8 de março, a região fica atrás apenas do Sudeste, que tem a maior razão de médicos por mil habitantes no Brasil, com 2,95 profissionais da área por mil habitantes. Mesmo assim, a distribuição de médicos é desigual no País e nas regiões devido a problemas de infraestrutura e de valorização da classe, contribuindo para a falta de acesso de parte da população a serviços básicos de saúde.

Os dados regionalizados mostram que houve o aumento no número de médicos no Brasil. Ainda segundo o estudo, realizado pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB), em pouco mais de 20 anos, o número de médicos mais que dobrou no País. Em janeiro deste ano, havia 562.229 médicos inscritos nos 27 Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), o que corresponde a uma taxa nacional de 2,6 médicos por mil habitantes. Nessa perspectiva, deverão ser mais de um milhão de médicos em 2035. Mas existem diferenças dentro de cada região.

Nos Estados da região Centro-Oeste e no Distrito Federal, por exemplo, proporção de médicos por mil habitantes é desigual, ainda que o tamanho da população por Estado seja diversa. A razão entre profissionais da área por mil habitantes é de 5,53 no Distrito Federal, 2,67 no Mato Grosso do Sul, 2,64 em Goiás e 2,28 no Mato Grosso, que tem a menor proporção da região, embora tenha uma população maior que o Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal.

As variações também se aprofundam nos diferentes municípios. Enquanto as capitais do Centro-Oeste possuem uma razão de 5,87 médicos por mil habitantes, o interior tem 1,83 e as regiões metropolitanas 0,61, menor que a média de Estados como o Pará (1,18), cuja razão é a menor do Brasil.

De acordo com o Dr. Raul Canal, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), o Brasil sofre com uma grande desigualdade na distribuição da população médica. Isso significa que, segundo o especialista, o volume não resolve o problema de saúde do Brasil. Além disso, a proporção de profissionais da área atuando em municípios pequenos e mais distantes dos grandes centros urbanos é ainda menor.

“Analisando o cenário, não é difícil constatar que a má distribuição de profissionais não resulta de um suposto desinteresse dos médicos, que até chegam a migrar para essas regiões. O grande problema é que acabam desistindo de atuar nessas cidades, onde notam a ausência de uma infraestrutura mínima: não há hospitais, postos de saúde, unidades especializadas, remédios, transporte. Não há o mínimo para atender com dignidade.”, aponta o presidente Anadem.

Essas desigualdades relacionadas à demografia médica também se fazem presentes em recortes entre gêneros. O estudo mostra que as mulheres ganham, em média, R$ 13 mil a menos que os homens, ainda que exista a estimativa que elas serão maioria daqui a apenas um ano, com 50,2% do total de profissionais. Em 2035, a expectativa é de que a porcentagem aumente para 56%. “Essa desigualdade na renda entre homens e mulheres também deve ser trazida à baila nas discussões com os órgãos competentes e autoridades. Se as mulheres possuem a mesma formação e obedecem aos mesmos trâmites burocráticos que os homens ao longo de sua trajetória profissional, não há explicação racional para que haja essa diferenciação salarial”, esclarece Canal.

Sobre a Anadem – Criada em 1998, a Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem) promove o debate sobre problemas relacionados ao exercício profissional da medicina. Por meio da análise de discussões relacionadas a esse tema, a Anadem apresenta soluções não só no campo jurídico, mas em todas as áreas de interesse do médico associado.

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