Na última semana, o mercado de soja e seus derivados apresentou movimentos distintos entre as cotações internacionais e o cenário interno em Mato Grosso. Enquanto o óleo e o farelo de soja tiveram alta nas bolsas internacionais, o mercado mato-grossense registrou quedas em alguns segmentos, refletindo o equilíbrio entre oferta elevada e demanda moderada.
De acordo com dados da CME Group, o óleo de soja encerrou a semana com valorização de 0,31%, cotado em média a US$ 50,71/lbs. O avanço foi sustentado pela alta do petróleo Brent, que impulsionou o preço do derivado ao longo do período. Já o farelo de soja teve ganho mais expressivo, de 4,11%, negociado a US$ 287,81/t, movimento sustentado pela elevação nas cotações da soja em grão e pelas expectativas de um possível acordo comercial entre Estados Unidos e China.
Em Mato Grosso, no entanto, o comportamento foi misto. O óleo de soja registrou queda de 0,64% em relação à semana anterior, com média de R$ 6.658,72/t, resultado atribuído à demanda enfraquecida, já que os compradores estavam com estoques abastecidos. O farelo de soja, por outro lado, acompanhou a tendência internacional e apresentou alta de 1,52%, fechando a R$ 1.512,91/t.
No campo, o ritmo de semeadura da safra 2025/26 avança de forma consistente. Até a última sexta-feira (24 de outubro), 60,05% das áreas previstas já haviam sido semeadas, um avanço de 16,48 pontos percentuais na comparação semanal.
No mercado cambial, a desvalorização do dólar frente ao real contribuiu para uma queda de 0,46% no preço de paridade de exportação com vencimento em março de 2026. Já o diferencial de base MT–CME registrou uma expressiva retração de 55,38%, reflexo da valorização dos preços da soja em Chicago.
O preço médio da soja disponível em Mato Grosso ficou em R$ 118,72/sc, uma queda de 10,97% frente ao mesmo período de 2024. O recuo é explicado principalmente pelo recorde de produção estadual e pela pressão das cotações internacionais, que seguem influenciadas pelas tensões comerciais entre China e EUA. Ainda assim, a desvalorização foi atenuada pela forte demanda chinesa pela soja brasileira, fator que tem mantido prêmios elevados nos portos.
Para ilustrar, o prêmio no porto de Santos encerrou a semana com média de ¢US$ 179,80/bu, um salto de 480% em relação ao mesmo período do ano passado (¢US$ 31,00/bu).
Os próximos dias devem ser decisivos para o mercado, à medida que as negociações comerciais entre China e Estados Unidos podem redefinir os rumos das cotações. Um possível acordo tende a valorizar os preços em Chicago, mas também pode redirecionar a demanda para o produto norte-americano, pressionando as cotações internas em Mato Grosso.
