Nos últimos trinta dias, o Mato Grosso vem registrando um regime irregular de chuvas, com volumes acumulados entre 75 e 95 milímetros na maior parte do estado, segundo dados do Aproclima. A combinação de baixa precipitação e altas temperaturas tem acendido o alerta entre produtores e técnicos, que observam impactos diretos no desenvolvimento das lavouras de soja da safra 2025/26.
De acordo com relatos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), já há registros pontuais de falhas de estande em alguns talhões, indicando germinação desuniforme e necessidade de ressemeadura localizada. A expectativa, portanto, é de que ocorram chuvas mais consistentes nos próximos dias para evitar prejuízos maiores.
As projeções do NOAA (Agência Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA) apontam que, nos próximos sete dias, o volume de chuvas pode variar entre 35 e 45 milímetros na maior parte do estado, o que deve aliviar parcialmente o estresse hídrico das plantas. Já para o médio e longo prazos, o modelo Ensemble Mean prevê precipitações próximas à média histórica para novembro e dezembro, o que configura um cenário mais favorável para o avanço da safra.
Ritmo de semeadura
O Imea informou que a semeadura da soja atingiu 76,13% da área prevista, representando avanço de 16,08 pontos percentuais em relação à semana anterior. Apesar do bom ritmo, o índice ainda está 3,43 p.p. abaixo do registrado no mesmo período da safra passada.
Nesta temporada, os trabalhos de plantio estão ocorrendo de maneira mais distribuída ao longo do tempo, diferente de anos anteriores, quando havia maior concentração em períodos curtos. A análise do Imea, baseada em dados de ciclo e tecnologia, indica que até o final de janeiro cerca de 23% da área deverá estar colhida, superando o desempenho da safra anterior e a média dos últimos cinco anos.
Contudo, especialistas destacam que o clima durante a colheita ainda é um fator de incerteza, podendo interferir diretamente no ritmo dos trabalhos e no fluxo de entrada do grão no mercado.
Mercado da soja
No cenário internacional, o mercado reagiu positivamente à notícia de acordo comercial entre Estados Unidos e China, que prevê a retomada das compras de soja pelo país asiático. O movimento impulsionou o preço do grão na Bolsa de Chicago, que registrou alta de 4,49% na última semana.
Por outro lado, o dólar apresentou leve queda de 0,23%, reflexo do corte de juros nos Estados Unidos, enquanto o prêmio de exportação no porto de Santos recuou 17,69%, encerrando a semana cotado em ¢US$ 148,00/bushel.
Com o clima ainda instável e oscilações no mercado internacional, o setor produtivo de Mato Grosso segue em alerta, monitorando de perto o comportamento das chuvas e os reflexos sobre o desenvolvimento da principal cultura agrícola do estado.