O debate sobre a regulamentação dos jogos de azar voltou a ganhar força no Congresso Nacional. Durante o BiS SiGMA Brasília, evento que reúne representantes do governo, empresários e especialistas do setor, o senador Irajá Abreu (PSD-TO) afirmou que o projeto que propõe a legalização dos cassinos, bingos, jogo do bicho e apostas em corridas de cavalos pode finalmente ser votado ainda em 2025.
O Projeto de Lei 2.234/2022, do qual Irajá é relator, está parado no Plenário do Senado há quase dois anos. Agora, o parlamentar acredita que há ambiente político favorável para avançar com o tema — especialmente diante da busca do governo por novas fontes de arrecadação sem aumento de impostos diretos.
“Legalizar os jogos responsáveis no Brasil é dar luz a uma atividade que hoje funciona na sombra da lei”, destacou o senador, ressaltando que o país já convive com uma indústria informal de apostas que movimenta bilhões de reais anualmente.
Impacto Econômico e Geração de Empregos
De acordo com estimativas apresentadas por Irajá, a legalização e taxação da atividade poderiam render mais de R$ 20 bilhões por ano aos cofres públicos. Esse montante viria principalmente de impostos e taxas incidentes sobre a operação de cassinos e demais modalidades de jogos.
Além do impacto direto na arrecadação, o senador ressaltou o potencial de geração de empregos — tanto nas operações físicas quanto em setores complementares, como turismo, hotelaria e entretenimento.
“A abertura de estabelecimentos de jogos teria efeito multiplicador, criando milhares de empregos diretos e indiretos”, afirmou.
A experiência de países vizinhos reforça esse argumento. Argentina, Uruguai e Chile, por exemplo, viram o fluxo de turistas crescer significativamente após a legalização e regulamentação dos cassinos. Esses locais tornaram-se polos de atração de visitantes estrangeiros e contribuíram para a diversificação das economias locais.
Turismo e Investimentos Estrangeiros
A proposta também é vista como uma oportunidade para estimular o turismo internacional. Com a regulamentação, o Brasil poderia receber investimentos de grandes grupos internacionais especializados no setor de entretenimento e hospitalidade.
Cidades turísticas — como Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu e Fortaleza — são frequentemente citadas como potenciais destinos para abrigar complexos integrados de lazer, combinando cassinos, resorts, centros de convenções e atrações culturais.
Essa estratégia segue modelos de sucesso como o de Las Vegas (EUA) e Punta del Este (Uruguai), onde a presença dos cassinos impulsiona o consumo local, gera emprego e aumenta a arrecadação municipal.
O Debate Ético e Político
Apesar das projeções otimistas, o tema ainda enfrenta forte resistência no Congresso, especialmente da bancada evangélica, que considera os jogos de azar uma ameaça social. O relator, no entanto, defende que a regulamentação seria justamente uma forma de trazer transparência e controle a uma atividade já existente de maneira clandestina.
“Hoje, o Brasil perde bilhões em arrecadação e deixa de proteger jogadores porque a prática ocorre fora da lei. Com regras claras, será possível coibir abusos e destinar parte da arrecadação a áreas como saúde e educação”, afirmou Irajá.
Perspectivas para 2025
O senador acredita que a votação deve ocorrer antes do final de 2025, especialmente por se tratar de um ano eleitoral, quando o foco dos parlamentares tende a se deslocar para suas bases e campanhas.
Mesmo com a resistência de parte do Congresso, há sinais de avanço. A discussão sobre o tema vem se tornando mais técnica e menos moralista, à medida que especialistas e economistas apontam os benefícios fiscais e sociais da regulamentação.
Para analistas do setor, a legalização dos jogos de azar poderia ser um marco para o desenvolvimento do turismo e para a modernização da economia brasileira, criando novas oportunidades de investimento e ampliando a competitividade do país no cenário internacional.
Com um cassino legalizado no Brasil, o país teria a chance de transformar uma prática até então marginalizada em uma fonte legítima de renda, emprego e desenvolvimento regional — desde que acompanhada de fiscalização rigorosa e políticas de prevenção ao vício.
Debate sobre Legalização é Considerado Pauta Econômica e Estratégica
O debate sobre a legalização dos jogos de azar no Brasil extrapola a esfera do entretenimento. Ele se tornou uma pauta econômica e estratégica, capaz de atrair investimentos bilionários e reposicionar o país no mapa do turismo global.
Se aprovado, o projeto poderá inaugurar uma nova fase da economia brasileira — mais diversificada, transparente e integrada a um mercado mundial que já movimenta trilhões de dólares por ano. Até lá, a expectativa e o lobby continuam crescendo nos corredores de Brasília.
