sexta-feira, 26 abril, 2024
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Famílias de Nova Bandeirantes recebem mudas de café mais produtivo e de fácil manejo

Um tipo de café de maior produtividade e manejo facilitado agora é parte da realidade e aposta das famílias cafeicultoras de região na Amazônia onde, a cada ano que passa, é mais difícil de colher o grão.

Aliado a técnicas de manejo de poda, solo e irrigação, o café clonal reúne características de diferentes espécies que o tornam mais produtivo e resistente, essencial para o fortalecimento da agricultura familiar no norte de Mato Grosso, classe à margem da economia em uma região amazônica sob intensa pressão de desmatamento.

Neste mês, famílias receberam cerca de 42 mil mudas de café clonal. A entrega foi realizada pelo projeto Proteja e Restaure, implementado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com apoio da Global Wildlife Conservation (GWC).

Chamado de ‘café de semente’ por ter plantada a semente de forma direta no terreno da produção, o café convencional contabiliza safras piores a cada ano que passa.

O agricultor Ciro Alexandre dos Santos, afirma que a colheita deste ano, com pico no mês de julho, não rendeu quase nada para a família, que precisa contar com diárias fora da chácara.

De acordo com o cafeicultor, o plantio de café na região já foi abundante e fértil.

O município localizado a mais de 800 quilômetros de Cuiabá foi colonizado por famílias de agricultores que apostaram no cultivo do café quando chegaram entre as décadas de 1970 e 1980, o que garantiu a alcunha de “Rainha do Café” à cidade.

“Antes qualquer café produzia bem aqui. Hoje, se não for área irrigada, não produz de jeito nenhum. É quase impossível e exige muita sorte”, diz.

A atividade foi abandonada por muitas das famílias, desanimadas com os preços cada vez mais baixos do grão somados à diminuição da produtividade ao longo dos anos e à falta de estrutura para beneficiamento e escoamento do produto no município.

O agricultor recebeu 3,5 mil mudas que vão completar dois hectares de café na sua propriedade.

O técnico do ICV, Jessé Lopes Carvalho, explica o diferencial do café produzido em clones.

“No café clonal, existe uma matriz selecionada que tem o mesmo fenótipo. Se tem boa produção, todos os pés produzem bem. Se é resistente a alguma doença , todos são fortes também”, exemplifica.

“Um pé que produzia um latão de café no convencional, às vezes cinco, seis, sete para dar outro latão. No clone, não. Se o primeiro é um latão, até o último também vai ser”, atesta o cafeicultor Emerson Ferreira, que trabalha com clonal há anos.

A família de Emerson foi uma das primeiras a investir no tipo de planta na região e foi a responsável pelo manejo das mudas entregues às famílias beneficiadas pelo projeto.

A jovem de 19 anos Genifer Lorrane apoiou o processo de produção das mudas, que exige técnicas de poda das ramas para a criação das plântulas, plantio e cuidados com as diferentes variedades do café clonal no viveiro.

O manejo praticado pelos integrantes da família difere bastante do que aprenderam a fazer quando chegaram nessas terras. A prática ainda é comum na região.

“Fazia-se a derrubada da mata e então era feito o plantio com semente. E depois fazia a desrama depois de cinco a sete anos”, explica o técnico do ICV.

A desrama é o processo de corte na base da planta e que exige a espera de um ano para o café crescer.

Aos poucos, muitas famílias migraram para outras atividades, como a pecuária. Para Vanderlei dos Santos, um dos beneficiados pelas mudas, o que o impediu trocar o cultivo por pastagem foi o tamanho da terra.

“Já pensamos sim, em desistir, mas pra quem tem terra pouca não compensa”, comenta.

A nova aposta dos cafeicultores é baseada também na experiência de sucesso do vizinho, cuja situação da safra anual foi praticamente o oposto.

“Surpreendeu a gente de tão boa, foi uma safra excelente”, conta Emerson.

Jessé pondera, entretanto, que é preciso cuidado para que a redução da variabilidade genética na região não seja drástica, o que pode ocasionar em deficiência genética do café  e levar à diminuição da resiliência do cultivar em situações de mudanças ambientais e fatores externos.

“Dessa forma, é possível manter o saldo positivo da tecnologia”, diz.

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