O mercado do milho em Mato Grosso registrou queda na última semana, interrompendo um período de estabilidade e atingindo o menor nível desde o final de setembro de 2025. Conforme levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o preço do milho disponível no estado fechou a semana com média de R$ 46,88 a saca, recuo de 0,91%.
O movimento de baixa acompanha as cotações do milho na CME Group, onde o contrato corrente recuou 0,38%, encerrando a média de US$ 4,29 por bushel. A desvalorização em Chicago é atribuída à ampla oferta global do cereal e aos elevados estoques norte-americanos, fatores que pressionam as cotações internacionais.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, o milho disponível em MT está 15,55% mais barato. A queda anual é explicada pelo expressivo aumento de 17,06% na produção estadual da safra 24/25, que alcançou 55,43 milhões de toneladas, elevando a oferta interna e contribuindo para o recuo de preços.
Apesar disso, o Imea destaca que o avanço do consumo de milho para a produção de etanol no estado tem evitado quedas ainda mais acentuadas, funcionando como fator de sustentação do mercado.
Mercados reagem: B3 e Cepea sinalizam alta
Enquanto o mercado físico em Mato Grosso recuou, outros indicadores tiveram movimento oposto.
Na B3, o preço do milho registrou valorização de 2,00% em relação à semana anterior, impulsionado pela demanda interna aquecida — especialmente das usinas de etanol e do setor de ração.
O Indicador Cepea também subiu, fechando a semana com média de R$ 68,37/sc, alta de 1,03%.
Outro fator que influencia o mercado é o comportamento cambial. O dólar registrou alta de 0,44% na semana, sustentado por dados de inflação mais moderada no Brasil e sinais de desaquecimento do mercado de trabalho, o que reforçou expectativas de cortes na taxa de juros.
Demanda do milho recua levemente, mas consumo interno cresce
Em seu relatório de dezembro, o Imea projetou a demanda total de milho da safra 24/25 em 53,72 milhões de toneladas, retração de 0,46% ante o mês anterior.
A principal razão é a redução de 1,37% nas expectativas de exportação da temporada, agora estimadas em 27,70 milhões de toneladas. O recuo é consequência da previsão de maior oferta global do cereal, o que pressiona a competitividade do milho brasileiro no mercado externo.
Com a paridade de exportação menos atrativa, produtores vêm direcionando maior volume ao mercado interno, que atualmente se mostra mais valorizado. Assim, o consumo interno projetado para dezembro ficou em 17,72 milhões de toneladas, alta de 0,76% no mês e 8,62% acima da temporada anterior.
O destaque segue sendo o setor de etanol de milho, cujo consumo aumentou 13,09% frente à safra passada, consolidando Mato Grosso como líder nacional no segmento.
Estoques finais têm forte aumento
Com produção elevada e exportações menos aquecidas, o estoque final da safra 24/25 está projetado em 2,23 milhões de toneladas, crescimento expressivo de 41,81% em relação ao mês anterior.
O cenário reforça a tendência de maior oferta interna e manutenção da pressão sobre preços no curto prazo, ainda que o avanço da indústria de etanol continue ajudando a equilibrar o mercado estadual.
