A cidade de Alta Floresta sediou, no dia 4 de outubro, a 13ª edição da capacitação voltada à criação de abelhas sem ferrão na região amazônica. A ação faz parte de uma iniciativa que alia conservação ambiental, geração de renda e valorização do conhecimento técnico-científico. Promovido pela Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o evento contou com apoio da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) campus Sinop e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) campus Alta Floresta.
Realizada na tenda do Meliponário Municipal, a formação contou com a participação de diferentes perfis, como estudantes, produtores rurais, técnicos ambientais e membros da comunidade. A programação incluiu temas como biologia, comportamento, manejo e multiplicação de colônias de abelhas nativas sem ferrão, além de boas práticas para a extração do mel.
O foco central da capacitação foi preparar os participantes para receberem 100 caixas de abelhas sem ferrão, que serão destinadas a novos criadores. A iniciativa amplia o alcance da meliponicultura como alternativa sustentável, com potencial de geração de renda em áreas urbanas e rurais.
Além de moradores de Alta Floresta, o evento reuniu caravanas de diversos municípios, incluindo Juína, Itaúba, Sorriso, Sinop, Cuiabá, Colíder, Nova Canaã do Norte, Guarantã do Norte, Terra Nova do Norte, Novo Mundo e Paranaíta, o que reforça o interesse regional crescente pela atividade.
Conservação e sustentabilidade
As abelhas sem ferrão, pertencentes ao grupo das meliponíneas, são polinizadoras nativas da fauna brasileira e exercem papel crucial na manutenção da biodiversidade. Estima-se que cerca de 90% das plantas tropicais dependem da polinização para se reproduzirem, sendo essas espécies nativas essenciais para a saúde dos biomas, especialmente na Amazônia.
Diferentemente das abelhas europeias (Apis mellifera), as espécies sem ferrão são mais dóceis, o que facilita o manejo mesmo em ambientes urbanos. O mel produzido, conhecido como mel de abelha nativa ou mel de melípona, é valorizado tanto pelo sabor quanto por suas propriedades terapêuticas — possui ação antibacteriana, antioxidante e alto valor medicinal.
Educação ambiental e geração de renda
A capacitação abordou também a importância da meliponicultura para comunidades tradicionais, assentamentos e pequenos produtores, promovendo conhecimento acessível e aplicável ao cotidiano rural. Durante as atividades, os participantes aprenderam a identificar espécies nativas, construir colmeias racionais, dividir enxames e colher o mel sem comprometer a integridade das colônias.
Foram destacados os impactos positivos da atividade na agricultura local, especialmente na polinização de culturas como açaí, maracujá, cupuaçu e hortaliças — fundamentais para a segurança alimentar e o desenvolvimento agrícola da região.
Parceria e fortalecimento institucional
A realização do curso contou com a participação ativa de professores, pesquisadores e técnicos das instituições parceiras, demonstrando o compromisso interinstitucional com o desenvolvimento sustentável. A parceria entre a Prefeitura de Alta Floresta, a UFMT e o IFMT contribui para democratizar o acesso à informação técnica e fomentar práticas sustentáveis com base científica.
O Meliponário Municipal tem se consolidado como espaço estratégico de apoio à educação ambiental, recebendo visitas escolares, ações de extensão e oficinas voltadas à sensibilização ecológica. Com a continuidade das capacitações, o local se fortalece como referência regional na promoção da meliponicultura como alternativa viável e sustentável de conservação e renda.